Contrariando o ufanismo e de tudo que se fala em termos de "nunca antes neste país", há constatações irrefutáveis e diagnósticos precisos das causas do país ter perdido o bonde do crescimento global nos últimos anos.
Temos uma dívida histórica com a competência. Sucessivos governos deixaram de pensar o país, em termos desenvolvimentistas, para usar nossa economia como laboratório para todo tipo de atrocidade, incluindo aí as medidas heterodoxas e calotes internacionais, passando pelo crescimento do bolo antes de dividí-lo, e pelo endividamento externo à qualquer preço.
Crescimento desigual, regionalizado, subsidiado e com toda a sorte de renúncias fiscais que desequilibram e tornam dependentes do estado qualquer setor beneficiário.Ineficiência da máquina administrativa, péssimo atendimento às demandas sociais, corrupção endêmica, incompetência , brigas de classes, guerras políticas e manutenção de feudos.
O país é maior que tudo isso, pois já teria sucumbido.
Não há como dizer que no meio dessa chuva de sinais negativos não tenhamos crescido. As ações pró-ativas dos agentes econômicos tem superado a falta de tino administrativo de nossos políticos de carreira.
O índice de liberdade econômica do país beira a insanidade, as barreiras comerciais não tarifárias e regulatórias demorarm muito a cair aqui, ante um mundo globalizado.Gastos governamentais em progressão geométrica, corrupção impune, regulamentação ineficaz, custos horrorosos para se empreender, aumento excessivo do tamanho do estado, o seu custo e a sua ineficiência assustam os nativos e os estrangeiros, possíveis investidores.
A falta de um controle maior do Sistema Financeiro Nacional e a cobrança desenfreada de juros reais de usura e tarifas, inviabilizam a alavancagem financeira através de empréstimos dentro do país e inviabilizam a tomada de recursos fora do país pela grande volatilidade da variação do câmbio. Deixa esta política monetária, restrito ao BNDES, o fomento da nação, como se isso fosse possível. Não bastasse a restrição do crescimento via monetária e cambial, ainda temos a falta de liberalização da política trabalhista, os custos de indenizações, a taxação sobre o trabalho e a formação de postos de trabalho, e ainda o viés sindicalista que tomou o Brasil de assalto, ocupando hoje as principais cadeiras decisórias da administração da nação.
O espelho disso é um FGTS com rendimento medíocre e a farra sindical no FAT.
Isso faz o país involuir.
A falta das reformas estruturais do estado, tão alardeadas nas últimas décadas tem resistido a troca de governo.
A criação de uma nova elite que passa a participar dos benefícios do poder, que consistem na mesma fonte da qual criticavam quando não pertenciam ao poder é o combustível para a inércia.O retorno tímido da inflação nos índices oficiais já é brutal para o consumidor médio, em tremos comparativos, em toda cadeia produtiva, se levarmos em consideração o fortalecimento do real e as taxas de juros efetivamente praticadas, e o seu spreed na lua.
Na miscelânia entre livre mercado e protecionismo segmentado e sectarista que vivemos, o protecionismo tem se revelado mais perverso, atrapalhando a produção e a escala, o consumo e a renda.
O país tem que decidir trabalhar duro para buscar investimentos, equilibrar definitivamente sua balança de pagamentos, limitar o assistencialismo e fazê-lo bem naquilo que for determinado, e definitivamente incentivar o empreendedorismo com vigor.
Há que se tratar urgentemente de uma nova diretriz para os gastos públicos.É necessário não só criar empregos, mas empregos de qualidade, acima da mediocridade e desfaçatez destes criados às custas dos contribuintes na última década.
A redução da carga tributária e a performance pública é essencial para o reflexo em toda a cadeia produtiva e na confiabilidade do investidor externo. Não basta grau de investimento, é necessário desenvolvimento sustentável. O perigo desta classificação de grau de investimento é o relaxamento e a involução.
Deus permita que esteja errado, porque não aguento mais políticas inconsistentes com reflexos imediatos na economia.
Quem paga a conta do besteirol é sempre o contribuinte.
Luis Stefano Grigolin